O Teatro Carlos Alberto é um edifício histórico imerso em simbolismo, localizado no centro da cidade do Porto. Encontra-se agora em curso um projeto de reformulação do edifício com vista a uma maior eficiência energética.
O Teatro Carlos Alberto foi inaugurado no dia 14 de outubro de 1897. Entre 2000 e 2002 foi reabilitado sob o projeto do arquiteto Nuno Lacerda e os projetos de engenharia de estruturas e fundações do GEG. Manter o seu valor simbólico e proceder à atualização da tradição do seu uso foram os desafios assumidos no projeto assinado pelo arquiteto Nuno Lacerda Lopes.
Encontra-se em curso um projeto de reformulação deste edifício com vista a uma maior eficiência energética. O GEG fez os estudos de análise sobre a capacidade da atual estrutura suportar a instalação de painéis fotovoltaicos, garantido a segurança em todos os momentos. É sobre este projeto, que se encontra a decorrer, que fomos falar com o José Cunha, especialista em Engenharia de Edifícios e Gestor de Projeto no GEG.
G: Qual é o objetivo principal deste projeto?
JC: O objetivo do projeto está relacionado com objetivos de eficiência energética. Um estudo desenvolvido pela Turn Around consulting – empresa especializada nessa temática – demonstrou que com uma produção energética anual de cerca de 50 mil kWh, isso traduzia-se numa poupança anual que corresponderia a aproximadamente 10% do consumo anual médio do edifício. O principal objetivo do GEG foi analisar a viabilidade da instalação de painéis fotovoltaicos nas coberturas do teatro Carlos Alberto, percebendo até que ponto era viável a introdução desses painéis, do ponto de vista da segurança estrutural.
G: Porque é que o GEG foi escolhido para a realização desse estudo?
O GEG conta já com um vasto portfolio neste tipo de estudos para unidades industriais de grandes dimensões. Estas unidades procuram muito este tipo de solução para redução de consumo de energia anual. Já fizemos vários estudos semelhantes, um dos quais para a Lipor, onde eles previam a instalação de cerca de 5 mil metros quadrados -– área próxima de um campo de futebol – de painéis solares. Temos inhouse muita experiência e know how. Além disso, o GEG tinha realizado o anterior projeto de reabilitação de estruturas e fundações, pelo que conhecia bem o edifício.
G: Qual foi o maior desafio do projeto?
JC. Como é natural, na altura da conceção do edifício não estava prevista a instalação de painéis fotovoltaicos. Assim, tivemos que analisar a introdução desta nova carga na estrutura existente. O GEG conhecia bem o projeto, mas não havia conhecimento exato sobre se o que está representado nos desenhos é o que está construído. Foi feita uma validação prévia do projeto no local, pela equipa de arquitetura, mas não foi possível realizar uma vistoria completa à obra devido ao prazo muito curto que nos foi imposto. Está no entanto prevista a realização de uma inspeção visual antes do início dos trabalhos de instalação. Os prazos exigentes foram, assim, o maior desafio neste projeto.
G: O que realça de positivo no desenrolar neste projeto?
JC: Realço o espírito de equipa que a arquitetura demonstrou. O gabinete de arquitetura NLN – Nuno Lacerda mostrou-se sempre disponível para ajudar nas dificuldades e dúvidas que foram surgindo neste projeto. O Teatro Carlos Alberto tem várias coberturas, o pretendido era intervir em duas dessas coberturas: a primeira que é uma cobertura composta por duas águas e uma outra que é uma cobertura plana. A intervenção na cobertura de duas águas, atendendo à tipologia de painéis a instalar, poderia significar caso não fosse salvaguardado, o aparecimento de várias infiltrações, uma vez que o sistema de fixação dos painéis terá que atravessar todos os elementos que compõem a cobertura. O gabinete de arquitetura desenvolveu todos os detalhes que impedirão a existência de eventuais infiltrações. Sentir o apoio da parte deles foi importante.
G: Reconhece que este tipo de projeto é uma tendência nacional?
JC: Em média, temos tido 2 a 3 projetos semelhantes por ano, normalmente em áreas maiores de instalação. Independentemente da dimensão, somos contactados cada vez mais para este tipo de projeto. Por isso a minha resposta é que sim, que será uma tendência nacional e internacional até para dar resposta às questões que se impõem de eficiência energética e do uso cada vez mais generalizado das energias renováveis.