SOBRE
O Túnel de Benfica enquadra-se no sublanço de Buraca – Pontinha do IC17/CRIL, uma via rápida que atravessa uma área densamente povoada de Lisboa, o que constituiu um complexo desafio superado com sucesso. Este sublanço permitiu uma melhoria de acessos de zonas muito populosas como são o caso da Buraca e Alfornelos.
O traçado do túnel de Benfica atravessa o Aqueduto das Águas Livres e o subsidiário Aqueduto das Francesas. Foram adotadas medidas importantes que permitiram a minimização do impacto nestas estruturas.
O túnel, composto por 2 galerias, tem um comprimento total de 1446 m. O projeto foi dividido em 3 zonas distintas, mediante as especificidades das soluções estruturais adotadas. Foram consideradas 29 secções de cálculo diferentes.
Solução estrutural
A laje de cobertura é, em geral, do tipo nervurada e executada sobre pré-lajes. Os espaços entre nervuras são preenchidos com blocos de poliestireno expandido, não inflamável. A laje está protegida contra o fogo por uma solução patenteada, desenvolvida especificamente para este projeto.
A obra foi executada pelo método invertido (também designado por “top-down”), nas zonas de maiores constrangimentos, perto de edificações (cerca de 60% da sua extensão) e pelo método “cut-and-cover”, quando a envolvente à obra assim o permitiu.
Solução geotécnica
A estrutura de suporte direto dos aquedutos é constituída por micro-estacas horizontais, executadas sob os aquedutos e ligadas a painéis pré-fabricados. Os perfis das micro-estacas estendem-se o necessário para descarregarem a carga em ‘vigas’ que acompanham a base das paredes dos aquedutos. As cargas do aqueduto são transmitidas à cobertura por barras de pré-esforço, possibilitando o controlo de deformações na transferência e decorrentes de assentamentos diferidos.
A proximidade do túnel a edifícios foi outro grande constrangimento. O caso mais problemático é o do edifício de 11 pisos. Foram usados dois níveis de ancoragem e perfurações dirigidas para evitar danos na estrutura existente durante, a construção do túnel.
Desafios de engenharia
Ao inserir-se numa área densamente urbanizada e infraestruturada, o túnel de 2×3 vias compreende variadíssimas singularidades como a proximidade a edifícios altos, uma passagem inferior à Linha de Sintra e ainda os caneiros da Damaia e de Alcântara.
Mas o maior desafio de engenharia consistiu na suspensão dos aquedutos das Águas Livre e Francesas, e da sua união, que se localiza no centro do túnel.
A estrutura do túnel e a estrutura de suporte destes aquedutos foram cuidadosamente estudadas, com uma análise detalhada dos deslocamentos, de modo a que a estrutura do século XVIII pudesse ser suspensa na cobertura do túnel, sem afetar a sua integridade.
Uma abordagem construtiva delicada e minuciosa foi realizada com o objetivo de preservar as estruturas antigas, em alvenaria de pedra de fraca qualidade.
