SOBRE
O Túnel de Bornes está inserido na Subconcessão do Douro Interior, lanço IP2 – Vale Benfeito/Junqueira, na proximidade da freguesia de Bornes do Concelho de Macedo de Cavaleiros, no distrito de Bragança, localizada no Norte de Portugal.
O túnel desenvolve-se numa curva e tem uma extensão de 100 m, com três vias de trânsito, duas no sentido ascendente e uma no sentido descendente. O túnel, com uma profundidade máxima de 19 m, é do tipo “cut-and-cover”, executado pelo método invertido. Esta solução tem vantagens inerentes do ponto de vista económico e de segurança, para além de minimizar o impacto ambiental na zona envolvente à construção do túnel.
Os resultados da prospeção revelaram condições bastantes heterogéneas na zona de implantação do túnel. O maciço apresentava variações na sua composição litológica, zonas menos alteradas e mais resistentes no seio de um material rochoso dominante menos competente, muito alterado e muito fraturado, assim como zonas de material rochoso decomposto que se prolongam desde a superfície até profundidades superiores aos 20 metros.
Este facto foi interpretado como resultado da ação de uma estrutura de falha, possivelmente um dos ramos da conhecida Falha da Vilariça, que se estende ao longo do pequeno vale aí presente. A observação in situ do maciço, ao longo dos taludes de escavação existentes na zona, confirmou as heterogeneidades, assim como a tendência para um maciço rochoso dominante com fracas características geotécnicas.
Solução estrutural e geotécnica
A solução estrutural e construtiva proposta para o túnel decorreu dos condicionamentos topográficos (em conjunto com a geometria do traçado), geológicos e geotécnicos.
Topograficamente, a solução foi condicionada pela pequena profundidade da rasante, em toda a extensão do túnel. Esta profundidade varia entre cerca de 11 m, em ambos os portais, e um pouco menos de 19 m, sensivelmente a meio do túnel. Estes valores são muito semelhantes à largura livre necessária para implantar a plataforma da via, que é de 16,50 m. A solução construtiva proposta foi, em consequência, do tipo não mineira, apresentando uma única galeria e com uma extensão nominal, a eixo, de 100 m (excluindo a extensão dos muros de extremidade). Trata-se de uma solução com vantagens do ponto de vista económico e de segurança, para além de minimizar o impacto ambiental na zona envolvente à construção do túnel.
Do ponto de vista geológico e geotécnico, o cenário presenciado tornava arriscada e imprevisível a execução de grandes taludes de escavação, ainda que provisórios, e apontava claramente para a adoção de tipos estruturais intrinsecamente flexíveis, para minimizar o risco de avarias estruturais graves durante a vida útil do túnel. Com estes condicionamentos, a solução proposta recaiu numa solução do tipo não mineira, como já referido, realizada pelo denominado Método Invertido, sendo a secção transversal materializada por cortinas de estacas moldadas, cobertura em laje aligeirada e nível de escoramento intermédio, acima do gabarit rodoviário, em betão armado.